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notas de um corpo rasgado, mastigado e cuspido

  • Foto do escritor: natanael dObaluae
    natanael dObaluae
  • 27 de jan. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 29 de abr. de 2023

Pensar no nosso corpo e os seus padrões, e, simultaneamente, nos enxergar em um ambiente em que a sexualização, prazeres e beleza tem um conceito ultrajante, é muito necessário para entender onde estamos, com quem nos relacionamos (para-além da relação monogâmica entendida como casal) e como podemos redefinir esses padrões que ardem no nosso íntimo.


Tenho idas e vindas nesse assunto, nas idas me ouço no refrão “você não me vê por quê?”, de tanto faz, da urias. E esse, é o local onde posso sentir que o meu corpo, quando quisto, toma caminhos perversos e maliciosos onde não se pauta o desejo pelo ser, mas sim, apenas no prazer que se pode proporcionar. É cruel, não merecemos isso.


Sentir essa limitação criada entre o nosso corpo, os nossos traços, as nossas marcas e as nossas pequenas-grandes curvas que caminham até a pele, tem sido de tortura e adoecimento. Não merecemos viver isso. Não existe o desejo do delicado toque em nosso corpo… Não nos padrões que penso dever se basear o amor e o respeito pelo que somos.


Enquanto é grave viver isso, é engraçado pensar que talvez NÃO possamos ter o contraponto: apenas o prazer do sexo sumamente limitado a penetração (ou não) e o gozo. Queremos, sim, sentir toda a pluralidade do prazer; queremos ejacular, ser penetrados, penetrar, apenas tocar ou apenas sentir o orgasmo causado pelo prazer intenso de dois ou mais corpos também numa transa. Mas queremos, além de tudo, o entendimento e respeito por todos os padrões não-ocidentais que estes corpos tão plurais (e especialmente, singulares) têm e são.


Nessa fúria ardilosa afirmo que não queremos ser olhados por pena, por pequenez, pela lateralidade… queremos o olhar por inteiro, por imenso, pela grandiosidade do tecido que nos cobre, pelas águas que nos balança, pela ânsia do amor respeitado no desejo desejado da boca melada na estrada rumo a caminhos que estão além da vulva, da glande, além do quente.


Queremos a delicadeza do olhar, do chamar, do gostar e do acalanto.


De longe, no olhar patriarcal e eurocentrista, se quer toda distância da sensibilidade da imensidão que somos.


Perto do coração há os amores e aqui jaz sentimentos que validam parte do que sou.

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