AMOR AMOR

tomado de ti

serei,

amor?

amor,

tão amplo

tão fugaz

tão inabalável

amor,

que mal lhe pergunte:

por onde andou?

olha, amor

lamento:

você falhou.

você errou.

você foi vendido.

tu estás em

vitrines

em letreiros.

tu estás

na poesia

da palavra,

amor!

eu não te

reconheci

em lugar algum

por quê

não se manifestou

se revelou

rebelou-se

poxa, amor

você errou feio.

diziam pelos cantos

os centros

e campos

que eras

abundante. mas

em qual era?

dizia-se

que

eras infinito. que

lástima,

amor.

pra tua sorte

sou bom

coração.

vou te contar

meu segredo que

há muito poupei:

- uma lasca de ti achei. toma, eu guardei, é tua. eu senti da forma do poeta o que é ser lascado. guardei no zelo.

agora, amor

pega na minha mão

vamo!

não abaixa a cabeça.

quero que veja tudo

o que pensam de você

quero que

redescubra

o mundo.

e, amor,

recomeço pelo

padecer

dos meus

todos te queriam

no outro.

até eu.

sim!

tínhamos espelho!

mas

foi

você

quem

errou.

amor,

não posso te perdoar,

desculpa!

não fui o único afetado

pela tua ausência.

até vidas

ceifaram

…

larga minha mão

vai

(sem ressentimentos)

andas por aí

explora

vejas o mundo adentro

veja os caminhos

percorridos

veja se te agrada

não que tu

sejas

a cura

mas amor,

se não fosse

por tua falta

acreditaria

na filosofia

da

vida

no papel

empírico

das folhas

nada

temeria.

então vá.

caminhas, amor

vai

segue teu rumo.

…

no

coração

buscamos

por ti

nele

tu não continhas

em meio

a tanta

dor

depositamos

ligeiro

esperança

e de tanto

esperançar

tomamos fé

que fosse tu,

amor.

o tempo foi sábio

sádico

e cruel

agora

vai, amor

não quero te prender

jamais

mas

caso resolvas

que volte,

traga

boas respostas.